Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

dona-redonda

dona-redonda

CNEC 48/20 - 2/10 - Com o P.D.


redonda

 

 

O mundo estava a passar por uma pandemia e fora deliberado o isolamento social para conter a contaminação e adiar o surgimento de casos mais graves.

Os mais frágeis deveriam ficar em casa. Os demais, sem trabalhos na saúde ou na alimentação aí deveriam permanecer, saindo apenas para comprar alimentos.

Sara tinha reservas de comida e de papel higiénico, e estava em casa sem sair há três dias, quando pensou que deveria comprar enlatados.

No entanto, no seu T1 de trinta metros quadrados, faltava espaço para os guardar.

Calhou reparar então nas garrafas de vinho que o seu ex deixara para trás quando resolvera juntar-se à amante. Prometera-lhe que os viria buscar e ela não duvidara sabendo como ele acarinhava a sua coleção, o tempo que passava a olhar para as garrafas, sendo que só em ocasiões muito especiais, é que abria uma. Comprara para as guardar um armário especial onde ficariam muito bem latas de salsichas e feijão.

Ainda pensou em ligar-lhe, mas sabia qual seria a resposta e se ele atendesse. Iria adiar, não se atreveria a sair para vir buscar as garrafas. Seria melhor nem falar com ele. Custou-lhe abrir a primeira garrafa e despejar o seu conteúdo na banca. Continuou a fazê‑lo e talvez algum do álcool tivesse vindo preencher e desinfectar o ar à sua volta – cheirava muito a vinho. Resolveu provar um copinho de cada.

Abria, enchia o copinho, bebia-o, tentando comparar com o anterior, despejava o resto do conteúdo e passava para a garrafa seguinte. Era até divertido. Riu-se. Percebeu então que não estava sozinha. Bem de mansinho o Pato Donald tinha entrado na cozinha e sentara-se num banquinho ao seu lado. Ofereceu-lhe um copinho, contou-lhe como fora a sua personagem preferida. Riram os dois contentes com a companhia.

Resolveu deitar-se e adormeceu.