Os Ajudantes do Pai Natal
redonda
Pelo desafio no blogue pessoas e coisas da vida
aqui: https://imsilva.blogs.sapo.pt/desafio-vos-38408?view=622344#t622344
Noite de Natal
A camionete chegou à hora marcada pela primeira vez naquele ano. Cansados no final de dia de trabalho e animados com a proximidade do Natal, ninguém estranhou. Não repararam que a camionete era mais verde por fora, mais limpa por dentro e o condutor, um gorducho barbudo desconhecido.
Lá dentro, pouco a pouco, foram todos adormecendo. Já não viram que não seguia o caminho habitual. Trocou as ruas iluminadas do centro da cidade por caminhos sombrios, desvendados apenas pela parca luz dos faróis.
O seu sono durou o tempo da viagem, escondeu a grande distância percorrida, e quando pararam, despertaram num mundo diferente.
O estranho barbudo riu-se: “Ho, Ho, Ho, vamos ao trabalho!”
Lá fora, outras camionetas chegavam e despejavam os passageiros no centro da fábrica. Ali as cores eram mais intensas e vibrantes, e cheirava a bolos saídos do forno
Era preciso acabar os brinquedos, empacotá-los e ordená-los, seguindo os desejos das cartas escritas ou meramente sonhadas.
Eram vários os condutores gorduchos e as suas barbas branqueavam quando envergavam fatos vermelhos e se dirigiam para os trenós, já com as renas atreladas.
Tudo pronto antes da meia-noite, regressaram às camionetes, mais cansados e animados.
De novo adormeceram, esqueceram o sucedido e o tempo recuou enquanto voltavam para a cidade. Foram saindo nas suas paragens com a vaga sensação de não recordarem algo importante.
José chegou a casa e lembrou-se mais uma vez que se esquecera de comprar a boneca que a filha queria. Fá-lo-ia noutro dia, talvez ela nem se lembrasse pensou, quando ela veio a correr ter consigo. Sentou-a no seu colo, meia de lado para poder beijar a mulher. Assim como estava sentada, descobriu a filha um embrulho diferente no bolso do casaco do pai. Ele ouviu-a rir, e sem perceber como era possível, viu-a então com a boneca nova que cheirava a bolos acabados de cozer.