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dona-redonda

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Desafio de Escrita dos Pássaros 03 - Tema 7


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 Um negacionista, um padre e o Gustavo Santos entram num bar... 

Não se conhecem, mas o Gustavo Santos não resiste a exibir-se, oferecendo-se para lhes dar um autógrafo. Como não sabiam quem ele era, vê-se obrigado a apresentar-se num pequeno discurso de quinze minutos.

Gustavo Santos tenta convertê-los ao seu modo de pensar, sublinhando o que têm em comum.

O Negacionista revela-se muito negativo, e não quer sequer ouvi-lo.

O Padre está a passar por uma pequena crise de fé. De início fingiu que tinha ido ao Bar à procura de um fiel a passar por um mau momento. Acaba por assumir que é ele que anda a beber demais. O Gustava Santos aponta-lhe o exemplo do Padre que pratica exercício físico e vai à televisão, de que agora não me lembro o nome.

Enquanto a noite passa e vão emborcando uns finos ficam os três convencidos que têm algo em comum.

Na manhã seguinte já não se lembram bem do que seria e sobre se realmente se terão encontrado...

Desafio de Escrita dos Pássaros 03 - #3 - O número errado


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Felizmente colocara o telemóvel no modo de silêncio quando se fora deitar, e só quando se preparava para o recolocar em normal é que se apercebeu do grande número de chamadas e mensagens.

A maior parte de números ocultos. Mas o que se passaria?

Foi ler algumas das mensagens. Todas falavam em combinar encontros e perguntavam preços.

O que se passaria?

Resolver ligar para um dos números não ocultos e desconhecidos. Uma voz de homem respondeu. Parecia um pouco incomodado. Aquela não era a hora certa para falarem, estava a trabalhar. Poderia ligar-lhe mais tarde? Mas foi ele que ligou para ela e às três da manhã! Daquele não conseguiu mais nada. Passou para o seguinte. Não atendeu. Já suspeitava que o seu número poderia por engano ter sido indicado nos anúncios que aparecem em alguns jornais com fotografias sugestivas de mulheres despidas.

As mensagens e os toques continuavam, mas a ideia daquilo que a esperaria se atendesse, não a incentivava a fazê-lo. Encheu-se de coragem, premiu a tecla verde de lá, uma voz masculina perguntou‑lhe “Olá linda quando podemos encontrar-nos?”. Não conseguiu responder e desligou.

 Olhou para o telemóvel a vibrar com as chamadas.

- Não aguento mais contigo! - afirmou, enquanto o atirava para longe.

Contudo, passado pouco tempo não resistiu a ir procura-lo. Tivera sorte, não se estragara e continuava vibrante.

Mais tarde conseguiu que no mesmo jornal publicassem rectificações do número, mas durante algum tempo ainda foi procurada pelos clientes da “Quente e solitária”.

Desafio de Escrita dos Pássaros, 3.2 Afinal havia outro...fogão


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Afinal havia outro...Fogão

 

Juntos há doze anos era sempre Ana que cozinhava. Carlos pouco sabia de cozinha e ela fazia tudo tão bem que ele se habituou. Ajudava-a às vezes a lavar a louça ou a metê-la na máquina. 

Para Carlos estava tudo bem até que começou a reparar que Ana andava estranha. Queixava-se do fogão, que os discos estavama pifar, que já ninguém arranjava aquilo. Parecia deveras aborrecida, mas depois ia arranjar-se e trazia comida de fora.

Ultimamente parecia-lhe que ela lhe queria dizer alguma coisa, mas depois não dizia o que era.

Começou com o ser importante sair da rotina, mudar para o que é novo, e vai daí perguntou-lhe se podiam adiar as férias, e utilizar o seu subsídio para outra despesa. Respondeu-lhe logo que sim. Ela pareceu feliz com a sua resposta, o que o deixou ainda mais preocupado. Será que ela não queria mais que passassem férias juntos?

Haveria outro?

No dia seguinte quando regressou a casa do trabalho ela já lá estava e parecia muito feliz. Anunciou-lhe: "tenho uma surpresa, segue-me" E ele seguiu-a...até à cozinha. No lugar do antigo, estava agora um novo fogão de placas vitro-cerâmicas!

Havia outro, e com ele continuaram a viver os dois felizes para sempre.

Desafio de Escrita dos Pássaros # 2. 12º Tema: Cada um come onde quer e repete se quiser!


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Cada um come onde quer e repete se quiser!

 

Cada um come onde quer

e repete se quiser

E se houver.

Quando sou eu que cozinho,

quero acertar nas quantidades

para que não falta, nem sobre

 

Sento-me à mesa por último,

e levanto-me primeiro,

vou reparando se tem saída

 

se fiz pouco ou estão a comer mais,

como menos para que chegue,

se sucedeu o contrário,

como mais para que não fique

 

e quando não sou a cozinheira

tento não ter mais olhos que barriga

 

Para completar texto, segue receita do arroz de bacalhau que foi hoje o jantar para quatro:

- coloquei as duas postas de bacalhau congelado com a pele por cima, alho esmagado e um pouco de azeite, água a ferver por cima - depois tirei a pele e espinhas;

- estrugido ou refogado - cebola e alho picados e azeite, pedacinho de pimento vermelho, tomate triturado, vinho branco, água, bacalhau, arroz, sal, pimenta, óregãos e coentros, e arroz (não sobrou nada :).

 

Desafio de Escrita dos Pássaros # 2.11º Tema: Actualizem-me por favor


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Actualizem-me, por favor! 

 

Como escrever um texto em que peço para ser actualizada quando a maior parte do tempo acho que o estou ser, e na menor, penso que não o quereria ser.

Poderia ser um actualizem-me, por ter entretanto aparecido um  medicamento a curar todos os casos em menos de 24 horas, sem sequelas nem efeitos secundários.e ser tão fácil de fazer que rapidamente chegava a todo o lado.

Entretanto, e na sequência de post anterior na dona-redonda.blogspot posso trazer para aqui também enquanto actualização, recente constatação, além de mais gordinhos estamos a ficar também mais cabeludos. 

E se isto continuar assim e não voltarem a abrir os consultórios de estomatologistas também iremos ficar desdentados.

Desafio de Escrita dos Pássaros # 2.10 Tema: Não tenho tempo para te aturar


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Não tenho tempo para te aturar

 

Talvez tenha ouvido isso quando era criança, mas seria meio a brincar.

Não me lembro de alguma vez o ter dito a alguém a sério, talvez possa tê-lo dito também a brincar.

Sobre o tempo é engraçado como desde o isolamento social voluntário (desde 12 de Março) em que passei a trabalhar, e muito menos, em casa, se primeiro me pareceu que tinha muito tempo, depois, fui enchendo os dias com o habitual, ainda que em ritmo mais lento, e parece-me que fiquei na mesma sem tempo.

Por isso ainda que continuando a gastar o tempo e não o tendo, vou tratar de arranjá-lo para aturar todos os futuros, imaginativos e desafiadores desafios de escrita dos Pássaros :)

Desafio de Escrita dos Pássaros # 2.9: Tive uma ideia


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Tive uma ideia

(mini-mini texto com memórias)

 

Quando eu era criança, uma vez fui ver com a minha mãe a definição de "Idiota" num Dicionário e, entre outras, estava lá: "alguém que tem muitas ideias".

Tornou-se depois algo entre nós, se eu dissesse que tinha tido uma ideia ou alguém o dissesse, responder-se que era muito idiota, brincando com o outro sentido.

Desafio de Escrita dos Pássaros # 2.8 Foi tão bom não foi


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Foi tão bom, não foi

 

Em tempo de recolhimento, quarentena, interrupção nas vidas, ruas vazias, à excepção de filas espaçadas de pessoas algumas de ar assustado ou com máscaras, à frente de mercados e farmácias, notícias e imagens assustadoras e tristes, se chegasse o fim, o que gostaria de lembrar porque foi bom, sem estar necessariamente por ordem:

- Viver com os meus pais e irmãs e avó, e sentir que gostavam de mim como eu gostava deles;

- Brincar (aqui podendo incluir também os jogos e o tempo da plasticina e de pintar, do triciclo e da bicicleta);

- Aprender a escrever e ler, como se também fosse um jogo, e tudo o mais que gostei de aprender na escola;

- Andar,

- Ver televisão, ouvir música, ir ao cinema e algumas vezes ao teatro, uma vez à ópera;

- Aprender e ser capaz de nadar;

- Explorar instrumentos musicais, conseguir tocar alguns, mesmo que mal, algumas danças de salão, tirar a carta de condução às vezes conduzir, pintar;

- Apaixonar-me e ser correspondida, namorar;

- Passear por Portugal, viajar para outros países;

- Escrever e ler;

- O meu trabalho, muitas vezes;

- Comida e começar a cozinhar;

- Estar com a família e amigos;

- Uma última alínea para o que não me ocorre agora, mas deveria estar aqui, como descobrir mundos novos;

desafio de escrita dos pássaros #2.7 O meu Elogio Fúnebre


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Elogio Fúnebre

 

 

Maria X morreu com a bonita idade de duzentos e noventa e três anos (quando já todos começavam a pensar que não havia maneira de o fazer) e não parecia fisicamente mais de quarenta (ou trinta e cinco, como perentoriamente afirmava).

 Já de cabeça (estava cada vez mais chata) gostava de recordar os “bons velhos tempos” em que todos tinham telemóvel e andavam de carro (e havia muita poluição) em vez de bicicleta.

A sua vida e existência foi importante, como para a aprovação recente da Eutanásia.

E teve uma boa morte, depois de ter viajado duas vezes à volta do mundo, tendo estado em quase tantos países como aqueles que existem – não podendo ir obviamente aos que já não existem, e também não querendo ir àqueles mais instáveis ou perigosos para os viajantes – plantou várias árvores, teve várias aventuras, descobriu o segredo da felicidade, da vida após a morte, e de todas as doenças, escreveu alguns livros, e depois dos duzentos e trinta, teve três filhos que a visitavam com frequência, e a acarinhavam (mas também só conviveram com ela menos anos e os últimos não muito perto.

Que repouse em paz.

 

Desafio dos pássaros 2.6 “oh não, um vírus outra vez!”


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 “oh não, um vírus outra vez!”

 

 Já não me lembro muito bem de como foi o anterior, mas tenho quase a certeza absoluta que não foi tão alarmante como este está a ser.

Sinto a pairar sobre nós uma nuvem cinzenta cada vez maior e mais escura.

Primeiro estava na China e pareceu quase um filme, até pela rapidez anunciada e concretizada na construção de um Hospital.

Depois foi-se aproximando, Itália, Espanha, e chegou cá.

Invadiu os telejornais, os jornais, as revistas e as conversas. Discute-se sobre a linha de apoio, planos de contingência, hospitais esgotados, quarentenas voluntárias, enquanto crescem os casos confirmados – para já serão nove, e os casos suspeitos não validados.

Cancelam-se voos e viagens eventos são adiados.

Fala-se sobre a prevenção – ouvi dizer que beber muita água e chá de erva doce ajuda, mas ainda não fui comprar o chá. É importante lavar as mãos, desinfectar tudo com lixivia. Evitar espaços fechados com muitas pessoas, cumprimentos e proximidade, e tossir para os cotovelos. Ligar para a linha de apoio se tivermos febre alta, tosse e/ou dificuldade respiratória.

Sinto-me já ligeira e hipocondriacamente resfriada.

Com a minha sorte se apanho isto, será já quando não há quartos livres, ainda terei de ir para uma tenda improvisada, sem livros, e poderei passar a seguir para outro plano mais quente. O que não queria era contagiar ninguém.

Por isso espero que descubram depressa um remédio e uma vacina.

 

Desafio de Escrita dos Pássaros # 2.5


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Acordas e tudo o que mais desejavas realizou-se: conta-nos o teu dia.

 

 

Acordei e ouvi vozes, a minha avó a conversar com a minha mãe. Levantei-me e fui ter com elas.

Para que o Mundo possa permanecer quase tal como é, não me disseram como é o depois, apenas que existe um, mas não foi preciso dizerem-me para que ficasse então a saber, que não perdemos ninguém, permanecemos ainda que tenuemente ligados, e como haverá um reencontro, existe um sentido.

No resto do dia poderia fazer o que faço sempre, poderiam ter continuado comigo, ou poderia ter sido apenas uma visita breve, sem explicação, mas real.

A minha avó morreu quando eu tinha onze anos e depois dela houve outras perdas, mas aqui estou sobretudo a escrever sobre a primeira.

Quando acontece, o mundo vai ficando mais feio e vazio, e perco também os pedaços de mim de como era com eles, como deixei de ser neta quando deixei de ter avós.

O que mais desejava é esse reencontro ou enquanto estou viva, saber que é possível, que vai suceder, ter esperança ou fé.

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Desafio de Escrita dos Pássaros, 2.4 O Google está errado


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O Google está errado

 

Como o Google está errado???

 

O horror toma posse de mim.

Em choque e incrédula continuo a escrever.

 

Errado, o Mago super sapiente a quem recorro sempre em primeira e última instância?!!!

Quando quero saber mais sobre algum facto histórico, cinema, músicas, pinturas, livros, ter a certeza sobre como se escreve uma palavra – antes e após acordo ortográfico – traduzir de outra língua uma palavra ou um texto, dicas sobre receitas de cozinha, lavagem de roupa, doenças e medicamentos, perder tempo com notícias que não interessem a ninguém, encontrar o endereço para blogues, etc. etc. errado?!!!

Mas, Ele sabe sempre tudo!

 

Pequena pausa porque me ocorreu grande ideia, vou perguntar ao Google o que é Ele acha disto e já volto (…).

 

De volta e já mais tranquila: pode ter havido erros, mas o Google corrigiu-os e corrige-os.

Estamos salvos. Posso respirar de alivio de novo.

O Google pode errar de vez em quando, sublinhe-se, muito de vez em quando, de certeza, mas Ele corrige! Merece que continue a confiarmos Nele, a deixar-nos guiar por Ele!

 

Desafio de Escrita dos Pássaros # 2.3 Manual para iniciar relacionamentos


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Manual para iniciar relacionamentos

Para começar deite fora todos os manuais, inclusive este… mas só depois de o ter lido

REGRA PRIMEIRA, MAIS IMPORTANTE E ÚLTIMA

Não há regras, não há manuais.

Podem-se iniciar relacionamentos de mil e uma maneiras…

mas a ser assim…. então talvez se possa conservar algum manual ou manuais que se tenha, porque por sorte podem coincidir no que dizem com uma das mil e uma maneiras de se iniciar um relacionamento

(bem mais importante do que o iniciar, pode ser o como terminar ou como manter um relacionamento).

Em princípio, para iniciar um relacionamento poderá ser boa ideia não ficar em casa, excepto se a nossa casa for frequentada por alguém com quem queiramos iniciar um relacionamento, (mas o que estaria lá a fazer sem que tivéssemos já um qualquer relacionamento?)

Ocorreu-me agora que também se podem iniciar relacionamentos através da Internet. Como tendo blogues, participando em desafios de escrita, etc., e aí em princípio poder-se-á estar em casa.

Portanto ir lá para fora (esquecendo o que consta dos anteriores parágrafos) e estar disponível, arriscar, querer de verdade conhecer alguém que também esteja interessado em conhecer-nos (excepto se for um psicopata assassino)

Poderá ser o início de uma bela amizade.

Outras ideias, como ouvi hoje ou melhor ontem, arranjar um cão e ir passeá-lo, ir assistir a um jogo de futebol e dizer mal da equipe dos adversários, excepto se só tivermos conseguido um lugar no meio deles, e sair com amigos que trazem outros amigos.

Por fim, irei revelar aqui e pela primeira vez, a regra de ouro que nunca falha para se iniciar relacionamentos que é:

 (já não vai ser possível porque excederia o limite de palavras, só por isso)

Desafio de escrita dos pássaros #2.2 É que isso de médicos, nunca fiando


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É que isso de médicos, nunca fiando

 

Em casa de ferreiro espeto de pau.

 O que fará um médico quando fica doente?

Vai ver a bruxa, marca uma consulta com o Prof. Mambdu ou assalta outro médico, onde calha de o encontrar, num restaurante, no meio de um jantar romântico (agora pelo dia 14/2) no elevador ou no parque de estacionamento escuro e vazio: “Colega tem um minuto? É que estou aqui com uma dorzita…”

Desconfio que serão como cada um de nós, de todas as cores e feitios, a evitar exames e consultas há não sei quanto tempo, mas já foram anos? Ou hipocondriacamente a correrem para novas consultas: este sinal aumentou 0,000002 mm, não será de fazer alguma coisa?

Talvez também cometam o erro de ir à net quando suspeitam de algo de outra especialidade,  e saiam de lá com a convicção profunda que, ao invés de uma maleita tropical apanhada sem dúvida nas férias do ano passado. ou no anterior, quando até foram a outro Continente (não o do Hipermercado), têm é cinco ou seis doenças inoperáveis e mortais.

E como serão os seus congressos? O que é que oferecem por lá? Férias e medicamentos? Ou um cafezinho em copo de plástico e por 0,70 €?

Será que há médicos a lerem isto?

Se por acaso assim for, tenho o maior respeito pela vossa classe, até poderia ter tentado ser médica (se a ideia de memorizar nomes de doenças, químicos, e procedimentos não me assustasse e ver sangue ainda mais – até quando doava não olhava) e estou anónima - e se algum souber quem escreve neste blogue, não sou eu, algum personagem estranho abeirou-se do computador enquanto eu dormia ao lado, sem me querer ir deitar antes de escrever o texto para o Desafio - escreveu isto e enviou, - que chatice! mas o importante é lembrar: não sou eu (mas conta para o desafio).

desafio de escrita dos pássaros #2.1 Acho que a coisa não vai correr bem


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Adoro conduzir

Excepto...

Se estiver a chover muito, com má visibilidade e lençóis de água;

Se estiver tanto vento que faz com que carro estremeça;

Se estiver tanto nevoeiro que ao mesmo tempo receio bater no da frente e levar com o que vem atrás;

Se não conheço o caminho;

Se apanho com o sol de frente;

Se é de noite, e está tudo escuro;

Se levo passageiros (gosto de dar boleias mas fico muito preocupada com a sua segurança e em não fazer nenhuma asneira à frente dele(s) como subir um passeio ao estacionar);

Se no Inverno o aquecimento de carro está avariado;

Se a rádio é que avariou e não tenho música;

Se está muito trânsito e passo o tempo em pára e arranque;

Se estou engripada ou constipada ou com dor de cabeça;

Se estou atrasada;

Se tenho de andar às voltas à procura de sítio para estacionar;

Se as ruas estão cheias de pessoas, muitas delas distraídas a atravessarem sem olhar;

Fora estas pequenas situações (para já o que me lembro) adoro conduzir!

 

MAS

 

Devo admitir que nem sempre foi assim e cheguei a pensar que nunca iria ter a carta de condução.

As aulas de código e o exame escrito correram bem, os dois exames, porque entretanto com dois chumbos na condução, prescreveu o primeiro e tive de o repetir.

Mas quando ia começar as aulas de condução e deparei com o meu Instrutor pensei para mim "acho que a coisa não vai correr bem".

Calhou-me um professor com certa idade, extremamente calado e que poderia já estar cheio de dar aulas, sobretudo a uma aluna sem jeito nenhum, como eu.

Fixei a expressão que mais utilizou comigo: "Mexa-me esses braços" - como nos estacionamentos, e eu até queria mexê-los só não sabia muito bem para onde virar o volante.

A única vez em que foi mais simpático, foi quando um condutor que incrivelmente seria mais azelha do que eu, veio contra nós e nos bateu. Nessa altura fui promovida da aluna incompetente a possível testemunha. Foi um momento lindo.

Entretanto, a coisa não correu mesmo bem porque chumbei no exame, mas consegui um professor mais simpático e... chumbei de novo. E à terceira, com um instrutor intermédio na simpatia, passei! (já não deveriam querer ver-me lá de novo e passaram-me).

 

Desafio de Escrita dos Pássaros, 17º Tema - Luz e sombra


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Luz e sombra

Para haver sombra tem de haver luz, senão cairíamos na escuridão, tão completa que nada conseguiríamos ver.

O tema fez-me pensar na pintura, em como através do sombreado se consegue o volume, a dimensão.

Desde criança que achava que conseguia desenhar alguma coisa (completamente iludida, claro). Ainda no liceu descobri uma casa na Rua Sampaio Bruno onde vendiam telas e tintas. Fui lá com a minha mãe pelo menos uma vez, outras vezes sozinha. Para se entrar, tínhamos de passar primeiro por um corredor barbearia, com duas ou três cadeiras onde o Barbeiro atendia senhores e não sei se não parava por lá também um engraxador, com a caixa de madeira com o assento para o cliente e lugar para guardar a graxa e escova.

Subíamos por degraus de madeira inclinados e lá em cima, numa sala pequena cheia de luz, estavam as telas e tintas, todas bastante caras, mesmo com o desconto de estudante.

Fui para as mais baratas e fiz alguns retratos em pastel. Depois tentei o óleo mas comprei uma única tela e pequenina. Tentei pintar um céu, mas não correu lá muito bem. Planeei pintar por cima alguma outra coisa, até hoje.

Bem mais tarde, inscrevi-me num atelier de pintura indicado por um amigo. Primeiro ficava em Leça, perto de uma Casa Museu que fui visitar. Depois mudaram-se para uma casa antiga no Marquês – também com degraus de madeira inclinados e uma sala com muita luz e cheiro a tinta.

Adorei as aulas sobretudo pelos professores e pelos colegas  - chegámos a ter um jantar com disfarces no dia das Bruxas e uma exposição pelo Natal.

Tentei pintar uma dona-redonda e não correu lá muito bem, e depois, a partir de uma fotografia, um auto-retrato, com um resultado final ligeiramente melhor (pudera, tinha a fotografia aumentada).

Talvez um destes dias volte a tentar pintar e me lembre da luz, da sombra e deste desafio.

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Tema # 16 Sobre a vida adulta: Ainda não entendi o que é para fazer


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Tema # 16

Sobre a vida adulta: Ainda não entendi o que é para fazer

Antes pensava como seria, agora há muito que já sei como foi, primeiro amor, conduzir, trabalhar, perdas.

Encontrei adultos com vinte anos e crianças com quarenta.

A vida acontece e o tema aplica-se bem a mim porque ainda não entendi o que é para fazer.

Os adultos que encontrei eram pessoas fortes e boas. Sobre a vida adulta é isso que devo tentar fazer e ser.

Desafio de Escrita dos Pássaros, 15º Tema - Eu, Rudolfo


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O dia anunciava-se cinzento e pesado, em vez de branco e leve.

Mais de mil candidaturas que reduzi a três. Todos os outros me tinham parecido pouco sérios ou desesperados, não acreditaram na oferta e resolveram brincar, ou estavam dispostos a aceitar tudo. Os três que restavam eram humanos. Apesar de ser uma rena e não querer discriminar os meus pares, não conseguia ver os meus colegas ou qualquer outro na função do Pai Natal.

Disse para mim mesmo, Rudolfo, enquanto recrutador de recursos humanos, tens pela frente, uma tarefa quase impossível, encontrar um substituto para o insubstituível Pai Natal. Mas porque decidiu reformar-se? E tão em cima do Natal…

Escolhi homens gordinhos, para o idoso, com cabelos já brancos ou quase e para o comprido e barbas nas mesmas condições.

Pelas fotografias que enviaram não dava para ver se seriam afáveis e despachados, e como seria a sua voz, se seriam capazes de pronunciar o “Oh, Oh, Oh” como devia ser pronunciado.

Entrei na sala onde me esperavam. Não pareceram surpreendidos por me verem, nota positiva para eles, até perceber que não viam era muito bem.

O primeiro tinha enviado uma fotografia antiga, já não tinha barba, cabelo ou barriga. Rejuvenescera, explicou ter feito também uma cirurgia para os problemas de calvície e novo cabelo estar para crescer.  Sem nada lhe ter perguntado anunciou pretender reinterpretar o Pai Natal aparecendo como alguém comum, máscara de meia na cara, e sem brinquedos. Despachei-o logo. Desconfio que ele pretenderia era assaltar as casas.

Pedi ao segundo para entrar. Parecia estar tudo bem com ele. Estava disponível na Noite de Natal porque se divorciara, os filhos estavam crescidos, já não acreditavam, tinham emigrado para a França e Alemanha, com grandes empregos e carros, só regressavam no Verão. Pedi-lhe para repetir o Oh Oh Oh, e fê-lo de forma tão desanimada que tive de o rejeitar.

Entrou o último. Apercebi-me que era um urso disfarçado. Respondeu estar disponível, conseguiu um Oh Oh Oh mais animado embora ligeiramente assustador.

 Fiquei com o seu contacto para apresentar a sua candidatura ao Director Geral, Pai Natal, enquanto não se reforma, ele que decida…

 

Desafio de Escrita dos Pássaros, 14º Tema - Não nasci para isto


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(a fotografia não tem nada a ver com  o tema mas pareceu-me que ficava aqui bem)

Não nasci para isto Isto de inscrever-me em desafios de escrita e postergar.

Li o email com o novo tema quando chegou. A recuperar de pouco antes ter escrito e enviado o anterior, pensei para mim mesma, tenho muito tempo.

Passou o fim-de-semana, passaram, segunda, terça, quarta, quinta e como é possível, já está a começar sexta. Para onde é que foi todo aquele tempo que tinha?

E não me ocorre nada ou o muito pouco que me ocorreu, escorreu do papel/ecrã do computador, quando por um micro-segundo adormeci.

Vai que dá tempo e escrevo amanhã. Posso acordar mais cedo (adivinho que tal não vai suceder, são quase 2 e ainda não me fui deitar). Posso não almoçar (também não me parece que não o vá fazer, para não andar depois a arrastar-me, e ainda que num atropelo, pelo menos um pão com queijo e um café).

Por isso, tenho de escrever alguma coisa agora:

 

- ALGUMA COISA

 

Pronto, perfeito. Com a grande vantagem de ser ainda muito esclarecedor, ao escrever um texto assim, não restará nenhuma dúvida, que não nasci para isto.